sábado, 19 de setembro de 2009

Aqueles Três, Quatro Meses...

Quanto tempo durou o encanto? Não sei ao certo;
Mas, de tanto querer tê-la por perto,
Tornei-me incômodo, enfadonho, sufocante...;
Precipitado, estava de tal modo apaixonado,
Que nem vi o tempo passar;
Cheio de sonhos, fiz minha própria linha do destino;
Meu desatino, desilusão!

Você tinha seus próprios planos, dos quais eu fora preterido;
Desgostoso e entristecido, reguei a lágrimas o meu caminho;
Ao me sentir sozinho, meu corpo todo estremeceu;
No pensamento, desiludido, culpei a sorte, o azar e a inveja.

Mas o tempo aquele, não pude contar;
Pois quando se está a amar, o tempo voa;
Rápido como a suave sensação do paladar;
Mas, por mais que fosse breve, ficou eternizada;
Cristalizada, sua lembrança em mim;
E por ter se passado de modo tão repentino;
Feito alegria de um pobre menino;
Pareceu-me o despertar de um sonho bom.

Aqueles três, quatro meses...
Um interregno, um lapso incomparável;
Um sonho inimaginável, que se fez desventura;
Imperdoável diabrura, artimanhas do destino.
Quem dera durasse para sempre;
Ou, quem dera tal tempo nunca houvesse existido;
Talvez nunca se houvesse perdido;
Quiçá dele nunca se lamentasse;
Quiçá dele nunca se lembrasse;
Mas, assim não se saberia;
Da doce nostalgia;
Que tenho daqueles três, quatro meses...

Marcos Da Boit Suzin,
Vacaria/RS.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tê-la de Volta...

Tê-la de volta é o que eu mais queria;
Inexplicável nostalgia que me invade a todo momento.
Sua lembrança, como o orvalho da manhã, vem e envolve todo o meu ser;
Sem ao menos perceber, o quanto é molesta e inoportuna.

Sonhei-a em todos os meus sonhos;
Fiz-me enfadonho, amargo e entristecido;
Desapontado e emudecido, tratei de esquecê-la;
A vida? Resolvi vivê-la. Rompi, enfim, a apatia.

Longos anos sem que houvesse notícias suas;
Pelas ruas, andava eu sem qualquer receio ou turbação;
Meu coração, convalescido, pulsava feliz ao sopro da liberdade;
Felicidade, quem diria, encontrei-a onde menos procurava.

O destino, porém, mostrou-se ávido em travessuras;
Acometido por diabruras, fui assaltado pela sua lembrança;
Ousada e cheia de esperança, assim mesmo saiu-me à procura;
Inexplicável desventura, armou-se contra mim peçonha e sedutora.

Conhecedora de minhas pechas inumeráveis;
Usou palavras hábeis, para ilaquear meu coração;
Resquícios de antiga paixão, que se fazem mar em fúria;
Fustiga e açoita a lamúria, de tudo que era, mas nunca será.

Por falta de coragem, busca-me enfeitiçar;
Para minha alma aprisionar, aos caprichos que a fizeram só;
E que reduziram ao pó, o imenso amor que nutria por sua pessoa;
Antiga paixão que ressoa, renitente após todos esses anos.

Tê-la de volta é o que eu mais queria;
Pois de melancolia, minha vida se satura;
E me desnatura o impulso ávido em amá-la outra vez;
Indisfarçável mesquinhez que não me deixa perdoar.

Tê-la de volta é o que mais queria;
E, quem sabe um dia, esquecer as mágoas do passado;
E, ao seu lado, viver como se nada houvesse sucedido;
Amor perdido que faz amor vivido.

Socorre-me, porém, o caráter, a sabedoria e a razão;
Insones guardas do coração, que me alertam a todo momento;
Antevisão do sofrimento, que junto a ti me aguardava;
Do infortúnio que me esperava, como o leão que ruge, pronto a devorar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pai

Eu parei aqui e comecei a pensar;
Como uma palavra tão pequena pode significar tanto?
São apenas três letras, como uma trindade;
Três que significam tudo, o todo.

Como pode uma palavra tão simples retratar algo tão grandioso?
Tudo o que um pai é ou representa;
Como pode uma palavra aparentemente pobre em grafemas;
Retratar algo de esplendor imensurável?
Só sei que pai é como o sol e como o céu;
Apenas três letras, pois nem todo o alfabeto poderia descrevê-lo;
Nem todos os grafemas do mundo poderiam dizê-lo;
Nem todas as línguas – mortas ou vivas – poderiam sabê-lo;
E ao mesmo tempo representá-lo;
Pelo simples fato de que pai é pai.

Pai!?
Só quem é sabe o peso e a angústia;
Os tormentos, os medos a inquietação.
Só quem é sabe o impiedoso resgate que o mundo cobra;
Para não devorar seus filhos;
Ou para não levá-los por caminhos obscuros;
Que levam à morte.Pai!?
Só quem é sabe como é penoso e, por vezes, doloroso;
Impor limites, educar, dar bons exemplos;
Ser sólido rochedo, enquanto tudo desaba;
Ser proteção inabalável, enquanto o medo avança;
Não guardar mágoas ao ser esquecido em asilos, albergues, casas de repouso;
E, mesmo assim, ser um eterno apaixonado pelos rebentos que gerou.

Pai!?Só Deus sabe o que é ser Pai!
Só o Pai sabe como é ser Pai, Pai de verdade.
Pois a natureza não transforma o homem em pai;
Ele apenas se torna.
Na verdade, o que transforma o homem em pai é a imitação do Pai;
É o carregar diário das cruzes e dos fardos;
É a renúncia às paixões do mundo e a todas as seduções.
Ser Pai é como ser um pequeno deus, um imitador do Altíssimo;
Que, além de proporcionar tudo, é preciso sacrificar-se dia a dia;
Praticar violência contra a própria natureza;
Tendo a plena certeza que nunca será reconhecido;
Não poderá nem mesmo esperar "obrigado!".
Muito menos, "te amo!";
Pois tudo que um pai proporciona, o faz em doação, doação com renúncia;
Pois a ninguém é dado – nem mesmo aos pais – amar sem sofrer.

Pai!?Três letras que dizem um pouco menos que tudo;
Um pouco mais que o todo;
Enfim, o suficiente para que o filho cresça e saiba;
Que o amor maior não pode ser mensurado pelas palavras;
Mas, representado por apenas três letras;
Pai diz tudo, sem omitir nada;
Assim como o sol e o céu;
Imensidão que se faz palavra miúda;
Para que os filhos saibam, desde pequeninos;
A chamarem: Pai! Em todos os momentos.

Marcos Da Boit Suzin,
09/08/2009

O que Eu Fiz para Mim?

Queria poder encontrar-te;
Dizer que minha vida é um vazio desde que partiste;
Confessar que fui rancoroso ao negar-te retorno.
Por mais que me tenha iludido todo este tempo;
O certo é que nunca - mas nunca mesmo - te esqueci.

Virei a página da vida apressadamente;
Enjambrei-a! Na desesperada esperança de encerrar um capítulo sofrido;
Varri minha sujeira emocional para debaixo do tapete;
Na ânsia incontida de superar a decepção que teu adeus representa.
Não pude te perdoar, na verdade não quis; não te perdôo, ainda;
Paguei teu desprezo com a minha indiferença;
Fiquei com o troco da desilusão, com o malogro da esperança.
Toda tristeza do mundo caiu sobre mim, como um imenso fardo.
Hoje busco teus olhos em outros olhares e teu amplexo noutros braços;
Reviro meu baú de memórias; nefasta nostalgia;
Na busca interminável da jovial lembrança de tuas feições.

Como disse, queria poder encontrar-te;
Resolver nosso passado cinzento, obscuro pela névoa da inconsiderada decisão.
Sei que o passado passou, e que o nada voltará a ser o que nunca foi.
Porém, tenho em mim secreta esperança de te reencontrar;
Muito embora saiba que teu olhar é uma seta peçonha;
Que fustiga o coração de quem te ama, ou te amou;
Em cruel forma de se demonstrar o (des) afeto;
Amor que de amor tem quase nada;
Pois açoitas a quem és aprazível
E desprezas o coração que alhures conquistaste;
Encerrando-o num calabouço de lembranças;
Cada vez mais um repertório de suplícios;
De quem anseia intensamente a libertação.

Cada dia que passa teus grilhões me fatigam mais e mais;
Por isso, eu te busco dia-a-dia; numa rotina lúgubre de gemidos.
Quero te olhar frente a frente, olhos nos olhos;
Dizer-te que me arrependo de ter te aprisionado com meu rancor;
De ter te encarcerado com minhas mágoas e meu ressentimento.
Pois eu mesmo me fiz prisioneiro da minha pequenez, da minha insignificância;
E te fiz motivo para minhas mazelas, uma expiação para os malogros das minhas paixões.
Eu mesmo me fiz vindita, voltando-te as costas e desviando o olhar.
Hoje quero me fazer perdão (o perdão que sempre te neguei);
Para libertar-te e fazer-me livre também.
Queria tanto poder encontrar-te e dizer-te apenas:
- Vive a vida, pois te concedo o meu (im) prescindível perdão!
Que é para ti um nada, mas para mim a resoluta ruptura de um amor subjacente;
Que secretamente me fez cativo todos esses anos;
Sem que eu mesmo compreendesse o que fiz para mim;
O que eu fiz para mim! O que eu fiz para mim?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Cárcere do Coração

Silenciosa e discreta vem tua lembrança;
Como a noite que envolve tudo com a escuridão;
Por mais que eu lute, vence-me sempre a saudade;
O gosto doce que ainda tenho do teu último beijo;
Ósculo incomparável, marca indelével.

Assim como a névoa tácita enreda e embaça os horizontes;
Assim tua lembrança me invade, me perturba, me aprisiona.
Quem poderia libertar-me de tais recordações?
Se nem mesmo eu quero me ver livre dessa nostalgia;
Dessa cadeia que traz teu nome em todos os lugares, em todas as manhãs.

Entorpecido com o perfume inebriante de um florido jardim;
Meu coração se vê num claustro aprazível ao relembrar os grilhões de teu amplexo;
Uma ilusão medonha ou uma lembrança graciosa?
Pergunto-me eu a todo instante;
Sem saber qual resposta me resta, e qual quero ouvir.

Quem traz tua lembrança, assim, com a brisa do planalto?
Quem é o mensageiro de tão vistosa recordação?
Perguntas sem resposta;
Respostas que não respondem.
Dúvidas que permeiam, e magoam o coração.

Porque eu sinto em mim o apelo desesperado de me ensurdecer ante este teu retorno?
Regresso inusitado e inoportuno depois de tanto tempo.
Coração prudente mantém distância segura;
Pois o encanto que de ti ficou ainda me fascina, me seduz;
Cegueira funesta que dá calafrios.

Como posso me libertar da nostalgia que me invade?
Da saudade mórbida que me assalta a todo momento?
Negar-te já não posso mais; calar-te eu nem mesmo quero;
Diz, apenas, porque aprisionas meu coração?

Neste ditoso cárcere que atiça em mim o sabor pernicioso da paixão.

Marcos Da Boit Suzin.
070809

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Silêncio de Deus

Porque silencias, amado (amor) de minh’alma?
Onde te escondes em noites (tão) escuras?
Eis que meu espírito anseia pelo Deus que salva;
Angustiada espera envolta em desventuras.

Meus inimigos alardeiam: - onde está o teu Rochedo?
Fazem indignas e injustas comparações;
Tentam a todo custo inocular-me o medo;
Eu, porém, sei que Deus é Pai, e põe à prova corações.

Nunca houve para mim um Deus estranho;
É em seu Santo Espírito que me banho;
Suportando afrontas, vindas até da própria cisterna.

Elevo ao Alto meu canto de aclamação;
Não descansarei até ver respondida a invocação;
Pois o Silêncio de Deus é aparente, e sua tardança não é eterna.

Marcos Suzin23/04/2009 – 17:30

domingo, 19 de julho de 2009

Corações Atados, Corpos Separados

E pensar que te amei sem medida,
E que era tudo tão lindo..., encantamento,
Eu olhava a lua, minha cúmplice da saudade (que tinha),
Da pronúncia suave do teu nome, das estrelas com quem sonhava em noites escuras.

Lembro do último sorriso. Tu já estavas ficando diferente, frívola;
Luar do planalto que começava a fazer-se em indiferença de uma noite sem estrelas, névoa...;
O amor intenso naquela triste hora transpirava dúvida.... cabeça confusa;
Querias “um tempo”, muito embora o tivesses todo;
Não estavas mais feliz, mesmo que (dias antes) houvesses manifestado uma paixão voluptuosa (porém casta).

Insegura, apertaste meu braço, como se fosses um grilhão vacilante, uma algema frágil;
Beijaste-me com a boca seca, sem amor, sem paixão;
Disseste-me: - “Não penses besteira!”. Como se possível fosse!
Tua despedida já evidenciava o teu arrependimento, que nunca tiveste coragem de me falar.
Lágrimas regaram meu caminho, longo caminho, longos anos.

Mas eu amava, e amava muito, como o poeta que senta na beira da praia e tece versos ao ritmo das ondas;
Como um sonhador que escreve na areia sabendo que o mar vai fazer tudo desaparecer;
Eu amava com ternura, minha vida toda eu já projetava com tua presença ao meu lado;
Eu mesmo escrevi o meu destino, e quis muito que ele fosse como nos meus sonhos;
Muito embora (sempre) soubesse que ele se apagaria pelo mar da tristeza, pela ondas da decepção;
Restando apenas a brisa incessante da saudade a remoer em mim resquícios que de ti ainda restam.


Por isso, eu quis buscar-te, fazer-te mudar de idéia; nem sabes a que custo!
Tu, porém, inflexível, declinavas o sentimento que tinhas por mim,
Amor intenso, amor, paixão, “gostar”, “amigos”..... indiferença.
Antes que se tornasse ódio, eu fui embora, regar meu pranto, curar meu coração.

Aqueles a quem tu tinhas amizade alardeavam:

“-Ela está apaixonada por outra pessoa!”;
Queriam que eu te procurasse.

Queriam que eu visse com meus próprio olhos.
Mas eu não quis.
Não queria ter o desprazer de ver-te em outros braços.
Quis poupar-me desta afronta, desta humilhação.

A partir daí eu quis viver, meu coração (ingênuo) de poeta apaixonou-se novamente.
A tua lembrança virou só uma curiosidade.

Queria ver-te, nada mais que isso...
Na verdade, eu quis reencontrar o sabor da vida em outros braços;

Que fossem mais zelosos comigo.
Nunca quis exterminar tua lembrança!

Aliás, isso nem era [é] possível.
Mas tive de dar rumo à minha vida, pois tu, como parte do meu passado, precisavas passar...

Mas, como disse, e pensar que te amei sem medida, a ponto de me machucar;
E que tudo era tão lindo, a ponto de me ilaquear;
A lua, que era nossa cúmplice, após tanto tempo, quase nem me fascinava mais;

Tudo ficou deixado lá atrás, no silêncio sepulcral do esquecimento.
Tudo, quase tudo; até que, então, repentina, explode tua lembrança em mim;

E descubro que tudo o que era passado - na verdade - não passou;
Tudo o que era perdido - na verdade - não se perdeu.
Inquieto e atormentado, busco atônito uma explicação!!!
Porque agora, depois de tanto tempo, aflora eruptiva a tua lembrança???
Eis aí uma resposta que eu adoraria receber.
Quem dar-te-á coragem de me enfrentar?
De dizer que te arrependeste amargamente!

Que me procuraste em outros braços;
Que buscaste meu ósculo suave noutros lábios, na desesperada esperança de ouvir "Te amo!", como somente eu sabia dizer;
Que ficaste aprisionada pelas minhas palavras, pelos meus versos, pela minha jovial lembrança;

E que nunca conseguiste amar novamente, pois continuavas encarcerada,
Como doce prisioneira de um amor (pouco) vivido, de felicidade desperdiçada;
E de tudo que de mim permaceu em ti.

Na verdade, nada disso me consola e, apesar de tudo,
Gostaria (muito) de ver-te, abraçar-te e desejar-te toda a felicidade do mundo;
Felicidade que não me coube proporcionar-te.
Sê feliz eterna e ditosa princesa do meu coração.

Nunca te reservei ódio ou rancor (muito embora não consiga mais esconder a mágoa).
Somos cúmplices na saudade e na solidão, reféns da dura realidade;
Julgados e condenados, por causa das artimanhas do destino;
Nosso amor (biplatônico) é para ser vivido assim, de lembranças, de saudade, de contrição;

Corações atados, corpos separados, como se tudo fosse, o que nunca foi;
E, quem sabe um dia...

Marcos Da Boit Suzin.

Irmão Sol, Irmã Lua

Durante pouco tempo, nosso céu foi o mesmo céu;
Dividimos estrelas e cantamos as mesmas canções.
Entretanto, esse bom tempo passou tão depressa como o cometa;
Estrela radiante que enfeitou as noites de nossa meteórica paixão.

É, irmã Lua, nossos caminhos se distanciaram para nunca mais se cruzarem, lamentavelmente;
Porque tinhas de deixar de ser?
Eu jamais quis isso. Nunca quis que deixasses de ser!
Nem sabe como me dói saber que a Lua que embalava meus sonhos hoje figura como uma página do meu passado, hermeticamente virada, a contragosto.
Eu quis isso? Nunca!
Entretanto, apesar dos descompassos, jamais houve mágoa em meu coração;
O Sol nasceu para brilhar, e eu brilho, sou luz.
O Sol nasceu para vencer, e eu sempre venço....
O Sol nasceu para nascer e morrer, e eu nasço e morro todos os dias;
Renovo-me.
Nunca quis que deixasses de ser, minha Lua querida (que seria do meu céu sem ti? Noites escuras!)
Nunca te destronei do meu coração, muito embora haja outras estrelas em teu lugar.
A brasa a que te referes nunca se extinguiu, nem poderia...
Lembro fotograficamente nosso eclipse, amor inocente que não se apaga mais.
Lembro da inveja de outras estrelas, que não mediram esforços para te ofuscar, e conseguiram, lamentavelmente, pagando o preço da própria maldade.
Lembro de tudo detalhadamente, como se tivesse acontecido ontem, agora, há pouco (lembro tudo com muito carinho);
Nunca me esqueci de tuas feições;
O Sol é verdade...

Nunca quis que deixasses de ser!
A Lua nunca pode deixar de ser.
Quero, em verdade, que sejas feliz (ainda que longe de mim, sol escaldante);
Quero que voltes a brilhar intensamente, amada amiga, amor perdido, amor passado;
Quero que encontres o amor e a felicidade noutros braços, por mais que me doa;
Que outro desfrute do amplexo terno, suave e envolvente de todas as tuas fases;
Fase do sorriso, meiguice que encanta;
Da zanga, quando explodes;
Da escuridão, quando (volúvel) desapareces, mostrando o lado oculto, que magoa;
Da nova fase, a da esperança (de me ter de volta? Que presunção a minha! Que ingenuidade! Nem mais lembras quem eu sou e o que deixei de ser...);
Não posso deixar de ser o que sou;
Eu não seria o Sol e tu não serias a Lua...
Sê feliz, é tudo o que te desejo, do mais profundo do meu coração (e das minhas mais sinceras lágrimas);
E nunca deixes de ser! eu não suportaria.
Prefiro que tu sejas uma página do meu passado (que insiste em entreabrir-se, voltar à tona) do que nunca tivesses sido, ou deixasses de ser...

Marcos Suzin

sábado, 18 de julho de 2009

O Poema do Dentinho Torto

Não sei porque, mas, ultimamente, tenho pensado muito em você,
Justo você, que me desprezou, magoou, descartou...
Inexplicavelmente, voltei a lembrar de seus cabelos naturalmente cacheados (ou ondulados, sei que a escova progressiva fez lá seus estragos);
Ah, e daquele teu dentinho torto. Ah! mas que charme extraordinário, aquele dentinho...
Aquele dentinho era o meu xodó!
Lembro da ginástica labial que você fazia para escondê-lo, mas eu sempre o via,
E me encantava; tomava todo o cuidado para tocá-lo em qualquer carícia...

Sei que você andou me procurando, quando eu já não mais podia voltar atrás (muito embora o quisesse). Sei que você ficou rancorosa comigo, muito embora saiba (ou devesse saber) que eu sequer ficaria sabendo a tempo. Sei que você procurou nas estrelas aquilo que eu escondi na lua. Sei que você, ao ler este poema, vai saber quem eu sou e quem você é, e que nunca vai deixar de ser...

Não sei porque, mas, ultimamente, tenho pensado muito em você,
Justo você, que poderia ter me encontrado e – sabe-se lá por quê! – não o fez;
Pensamento indomável, quem o inspira? Quem dera esquecer logo de uma vez.
Mas, pensando bem (ou mal), ainda bem que NÃO posso vê-la com frequência;
Na verdade, a última vez que a vi, a ocasião era de trauma, momento impróprio;
Mas eu tenho de admitir: - como você estava linda!
Seria uma tentação frequente..., melhor a distância.

Melhor assim, longe, já que a distância é a minha maior aliada;
Quem me cuida sabe: - eu não resistiria, por isso me protegeu (deixando-me na ignorância). Quem por mim vela sabe: o que eu faria (...);

Espero que a ortodontia tenha feito também seus estragos,
Pois eu não resistiria (se pudesse) tocar (de novo) os teus lábios,
Sentir novamente as suaves ondulações de seus cabelos
(escova progressiva – maldição do mau gosto – não dura para sempre);
E tocar, de novo, o teu dentinho torto. Ah! o teu dentinho torto...!!
Mas que coisa linda,
Apesar de todo esse tempo,
Apesar de tudo o que fiz para mim,
Nunca deixei de amá-la,
Meu único, terno..., eterno (impossível) amor...
Que sempre acalentei na dormência do meu coração,
Que sempre sufoquei na força do meu (bom) caráter,
E sempre venci com a persistência da minha fé,
Muito embora o que eu mais quisesse era ver, e tocar (de novo) o teu dentinho torto, esquecer do mundo, num amplexo incessante, num beijo incandescente,
em juras de amor eterno,
que (como sempre) de eterno só tem a saudade, a tristeza e a decepção.

Sei que você procurou nas estrelas aquilo que eu escondi na lua. Sei que você, ao ler este poema, vai saber quem eu sou e quem você é, sem nunca deixar de ser.

Sê Bom Mesmo Assim!

SÊ BOM MESMO ASSIM.

Tu aprenderás desde a infância a ser bom;
Tua bondade, porém, ora será tida como fraqueza ora tachada de interesseira;
Sê bom mesmo assim.
Tu verás tua bondade paga com males, escárnio, ingratidão;
Sê bom mesmo assim.

Tu farás coisas notáveis, que, porém, serão desprezadas e esquecidas;
O mundo reverenciará a quem tu – por amor a Deus – rejeitas;
Terás a nítida sensação que de ser odiado por esse mesmo mundo;
Enquanto teus inimigos serão elogiados.
Sê bom mesmo assim.
Os maus alegram-se ao ver o mal,
E os bons alegram-se ao ver o bem.

Tu serás diligente e cuidadoso, terás capricho em tudo o que fizeres;
Porém isso tudo cairá no esquecimento e ninguém sequer te agradecerá.
Logo um pequeno erro será – aos olhos de muitos – tudo o que se lembra a teu respeito.
Sê bom mesmo assim.
Sofrerás a dor e a angústia da indiferença, a dura face do desprezo;
Sê bom mesmo assim.
Verá o infiel em evidência, enquanto que de ti ninguém falará.
Sê bom mesmo assim.

Aqueles que te desprezam perguntarão:
- Onde está Deus?
Tu nada responderás, porém, saberás:
“No mesmo lugar onde estava quando o filho dEle foi crucifidado.”
Tu pretenderás abandonar as pessoas que te magoam, deixá-las à míngua;
Porém mudarás de idéia, justamente por saber que elas precisam de ti.

Tu sofrerás o duro assédio da decepção, com todo o seu veneno;
Andarás principiando lágrimas onde quer que vás.
Ocultar-te-ás.
Recluso, romperá em lágrimas.
Indagarás a Deus o porquê de tal infortúnio;
Só encontrarás consolo na cruz.

Sofrerás todas estas coisas, inclusive, vindas da própria cisterna;
Não encontrarás apoio entre teus congêneres. Antes te evitarão;
Somente saberão quem tu és pelos outros, com distorções.
Somente encontrarás alívio diante do Supremo Sacramento;
Onde se faz presente aquele que é desprezado pelo mundo;
Que é vítima reiterada dos flagelos sacrílegos e ultrajantes;
E que num lampejo do Espírito te mostra que padeces,
Como teu próprio Senhor padeceu;
Consolando-te, para que tu saibas que se tens parte da cruz do Salvador,
Terás também na Glória, que o Mestre já desfruta na eternidade.

Isso tudo te serás de difícil compreensão. Aceite!
Parecerá aos olhos do mundo uma loucura, uma insanidade;
Confie e segue adiante, o caminho é este mesmo;
Muitas vezes a cruz te será molesta e pesada, mas tu a carregarás com resignação.
Outras tantas te parecerá despropositada, mas tu a carregarás mesmo assim.
Tudo te parecerá tão difícil e irrealizável, mas tu chegarás a bom termo, pois não vais sozinho.
Ao cabo, parecerá que ninguém nota teu esforço, tuas qualidades e o imenso amor que tens;
Sê bom mesmo assim, pois também o Cristo se vê nessa situação,
E te permites participar de seu calvário, para que te habilites - com merecimento - à Glória Celeste.

SONETO DO DESPERTAR

Ditosa é a alma que inspiras, ó Divino Redentor;
Que educas em Espírito e Verdade;
Quem pode compreender teus mistérios? Ó Divino Salvador!
Quem pode sondar tua majestade? (Eternidade...)

Entre tantas, escolhida é a alma pura;
Instruída por obra e graça de teu Amor;
Retiras da alma aflita a amargura;
Da alma tíbia suscitas coragem e o destemor.

Bens eternos é o que prometes, tesouros insondáveis;
Felicidade da alma justa, alegrias incomparáveis;
Venturosa é a alma sensível, terra fértil à divina semente.

Entre todas as riquezas, és incomparável tesouro;
Mais precioso do que a prata, mais valioso do que o ouro;
Desperta, pois, ó alma fiel! (Tudo no mundo é transitório) só Deus é para sempre!

Marcos Suzin.

SEQUESTRO DA PERSONALIDADE

SEQUESTRO DA PERSONALIDADE

Há tanto tempo vens ingerindo meus pensamentos;
Apossa-te dia-a-dia de instantes preciosos do meu viver;
Quem traz tua lembrança com os ventos?
E tua saudade a me entorpecer?

Meus instantes não são mais meus instantes;
Atravessa-te (sem parcimônia) em meu viver;
Quem dera ser livre agora e antes;
Lembrar de ti sem estremecer.

Por onde anda minha liberdade?
E a felicidade? Talvez perdidas...;
Talvez distantes, inconstantes, impregnadas de apreensão.

Aprisionas aquele que desprezaste?
Que insultaste, com a traição?
Não te darei parte em minha vida, nem resgate do meu coração.

LAMENTAÇÕES

LAMENTAÇÕES

Porque tinha de ser assim?
Desprezaste-me com indiferença, com desapreço, como a um descarte.
Porque (agora) torna-te incômoda em minha lembrança?
Quem te deu as chaves do meu pensamento? e das portas do meu coração?
Enfeitiçaste-me? Que fizeste?

O destino nos separou (para sempre?);
O passado apropriou-se de nossa alegria (que, pelo visto, era só minha);
O presente é inquietante (pelo ressurgir de tua lembrança).
Porque tinha de ser assim?

Era tudo tão lindo, tão florido, tão cheio de luz.
As estrelas e a lua eram nossas confidentes, nossas cúmplices.
Quem poderia imaginar amor maior?
Porém converteste a meiguice em desprezo,
Desdenhaste daquele a quem juraste amor sem fim...
Porque tinha de ser assim?

Que estranha força nos separou!?
Que peçonhos conselhos ouviste?
Porque te fizeste em amargura inexplicável?
Porque tinha de ser assim?
Eu preso ao amor passado e enclausurado pelo (amor) presente;
Tu em buscas ao amor presente enclausurada (contrita) pelo passado.
Porque tinha de ser assim?

Quem traçou nossos caminhos, nosso destino?
Antes nunca tivesses existido (antes nunca deixasses de ser!).
Quem dera estes versos fossem alegria, um doce romance, um final feliz.
Por que tinha de ser assim? Canções de amor convertidas em lamentações...

As Cartas Não Mentem (Porém, não conhecem a Verdade)

As Cartas Não Mentem
(Porém, não conhecem a Verdade)


Num dos meus pecados, estive diante das Cartas, e elas me falaram de você;
“Ela lhe trouxe algum desgosto!” “Ela tinha outro!” “Ela se arrependeu...”, coisas assim disseram;
Tomado de cólera, nunca mais quis ouvir o seu nome;
Tratei de esquecê-la, rejeitá-la, exorcizá-la da minha lembrança.
Amargurado, fui réu da própria consciência;
Condenado, pedi perdão a Deus e jurei nunca mais ouvi-las (as cartas), para não ouvir também seu nome.

Porém, aquilo que é gravado no coração não se apaga; se sufoca, se reprime;
Sentimentos represados não ficam assim por muito tempo; um dia estoura.
Aflora, então, meu antigo desejo em ebulição de emoções; ora contrito, ora pesaroso;
Torno a lembrar seu nome. Ah! o seu nome; (Saudade!?)
Que eu havia riscado com tanto ressentimento, hoje ressurge revolto, com sensação de perda.
As Cartas, ah! as Cartas!
Não posso consultá-las, mas também não posso ignorá-las;
Pois o que falaram há muito tempo não se apagou da minha mente, nem do meu coração.

“As Cartas não mentem!”. É o que dizem.
Mas, se as Cartas não conhecem a Verdade, como então podem sabê-la?
Ora, não consiste a mentira na negação da verdade?

“O que é a Verdade?”, disse Pilatos diante da própria Verdade.
A Verdade é misteriosa. “Escreve certo por linhas tortas”, diziam os antigos;
Os desígnios são compreendidos após morosa reflexão.
Então, como podem as Cartas me falarem a verdade se não conhecem a Verdade?
Não foi a própria Verdade que tirou você do meu caminho, diante da silenciosa ruína que se antevia?
Portanto, em nome da Verdade, renuncio a sua lembrança e ao encanto da sua presença;
Pois tudo que ficou de você em mim, a tristeza e a mágoa (cicatrizadas),
Era apenas uma amostra do infortúnio que me esperava;
Caso houvesse eu acreditado na verdade das Cartas;
E desobedecido a Verdade que é Deus.

Marcos Da Boit Suzin.