quinta-feira, 4 de junho de 2015

Porta entreaberta

Tiram-me o pão da boca
E o sorriso do rosto...
E ainda tinham falsas mostras de amizade.
Em troca da minha candura,
Deram-me um prato cheio de abominações,
Um alimento impuro,
Uma vereda maldita,
Uma praga oculta e atraiçoada,
Da qual só fiquei livre por mão providencial.

Consideraram-me culpado,
Pelo mal que a si mesmo fizeram,
E ainda incluíram e fizeram descer meu nome,
Na podridão onde jazem as trevas,
Como parte de uma vingança sórdida,
E repleta de ardiloso engano.
Não foi o bastante a própria ruína,
Nada aprenderam...
E acabaram por reiterar essa sanha maldosa,
Pareando o meu epíteto com os nomes dos condenados.
E, não satisfeitas,
Vagaram pelo mundo em busca de males maiores,
Só encontrando dores,
Só esmagando as flores,
E crendo, estupidamente,
Naqueles que são todo embuste e maquinação.

Isso sem falar nas amarras,
E naqueles perversos que sussurram,
Um nome que antes nunca houvesse ouvido.
Mas a mão que me ampara é Amor e Misericórdia,
Não quer que alma alguma se perca,
E insta-me a interceder continuamente,
Para que se voltem à Luz,
As que tanto submergiram nas trevas.
Mas que não se demorem em demasia,
Por que a porta entreabre-se,
E entreaberta permanecerá algum tempo,
Até que se feche definitivamente.
(Marcos Suzin, 04-06-2015, 12h15min)