segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pôr vida nas palavras...

Eu sempre quis pôr vida nas palavras;
Nunca tolerei expressões insípidas
E despidas de um singular significado.
Nunca quis ser uma carroça vazia,
Cheia de barulho e sem nenhuma substância.
- É preciso tocar o coração das pessoas!
 
Mas eu nunca soube explicar como se faz isso.
Acho que o modo de pôr vida nas palavras,
É fazê-las nascer do coração.
Mas dele também brota a ira,
A inconstância e todas as formas de dissipação.
 
Vou tentar fazê-las brotar da mente;
Mas percebo que é justamente de lá
Que procede todo o turbilhão de emoções – boas e más;
Que – usualmente – se atribui como depositário o coração.
E haja coração!

Se penso em pôr vida nas palavras fazendo-as brotar do conhecimento,
Aí é que tudo se perde irremediavelmente,
Porque as palavras de conhecimento têm tudo, menos vida.
E o que eu quero?
Pôr vida nas palavras.

Incrivelmente – acho que descobri!
Eu ponho vida nas palavras quando as sedimento com o silêncio,
Em continuada meditação na mais recôndita profundidade da alma.
Aí todos perguntam:
- Não nos responde nada?! – Não vai falar?!
E, enquanto cresce a expectativa, germina um doce e contundente poema,
Com palavras cheias de vida, que não sei como viver.

(Marcos Suzin, 24-06-2013)