quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Sempre a contemplar...

Sempre a contemplar...
Sinto falta de quem me faz falta...
E a saudade de quem saudoso é...
Não posso olhar sem olhar...
Nem sentir sem ver...
Talvez eu seja invasivo,
E pobre em discrição...
Mas quando vi já vi...
E aí não adianta mais desviar o olhar.
Talvez fosse melhor ser como o indiferente,
Do olhar altivo que só vê o que quer ver,
Que vive como se os outros não vivessem,
Que se alegra, mas não alegra ninguém...
Mas não consigo ser assim...
Eu sou puro olhar.
Queria ser olhar puro...,
Porque há algo de terrível neste olhar...
De tal modo espantoso...
E quando meus olhos fitam o inimigo...
Ah! Pense num "estouro de boiada"!...
Correm, descabelam-se, estatelam-se...
Atormentados pelo olhar de uma criança.
Nem sei como é meu olhar...
Eu mesmo pouco me olho...
Mas me enxergo!...
E sinto falta de quem me faz falta,
Lembro do olhar de quem não desvia o olhar.
Olhos nos olhos...
De quem fala a verdade...
Do olhar divino que me faz ver!
Do amor que me faz viver!
Da coragem que me faz vencer!
Com um olhar... verde-mar...
Sempre a contemplar....
(Marcos Suzin, 08-12-17).