quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Amor de Primavera...


Amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
e definha...
como a tenra haste da folhagem,
que se curva diante da menor contrariedade.

A inconstância é a sua marca;
volúvel como o vento,
como o pensamento.
Mal sabe o que quer,
e quando tem,
não sossega enquanto não perder.

E aí vagueia pelo mundo,
no afã de ouvir "novidades",
aí sente o vazio,
do amor deixado ao "Deus dará",
e revolve reaver o que "é seu",
mas que não é mais.

Aí revolta-se,
ao ver seu amado noutros ósculos,
em ditosas cadeias de amor perene.
Aí faz juras de ódio e maldizer,
e promete males injustos,
inclusive recorrendo à perfídia
de espectros sombrios.

Faz toda sorte de sortilégios,
mas a má sorte acompanha quem na sombra se oculta.
Nada tem do que quer;
aliás, sabe mesmo o que quer?
E se esvai dragada pelo tempo,
como se de passado fosse feita toda a existência.
E continua sendo - incorrigivelmente -,
um amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
não chega conhecer o outono,
nem sabe cuidar do - amor - que lhe foi confiado.

Marcos Suzin (17-12-2014)

sábado, 30 de agosto de 2014

São tantos os "por quês!..."

São tantos os "porquês"!...
Não sei por que não tenho as respostas;
Muito menos o porquê de tantas incompreensões.
Talvez tudo seja tempo perdido, mas Por quê?
Por que todas as perguntas não têm respostas à altura?

Gostaria, e muito, de saber, porque saber é bom.
Talvez consigamos saber por que erramos;
Ou o porquê de tanta inquietação.
E eu me debato num turbilhão de emoções, mas por quê?

Por que? Eu não sei o porquê!...
Um dia talvez o saiba, mas por quê?
Porque alguém que me ama e muito desvela;
Não quer que eu me debata com o porquê disso ou daquilo;
Mas exige que eu confie sem limites, e você sabe por quê?
Porque no porquê das coisas, muitas vezes,
Se oculta o pretexto das obras inacabadas;
Que ninguém sabe o porquê,
Mas que fez muita falta na vida de alguém,
Que esperava muito, mas não sabe por que foi esquecido;
Ou o porquê da indiferença.
Porque ser negligenciado dói,
E dói mais quando o porquê é o motivo por que não se amou.
Porque quem ama não precisa de tantos "porquês".
E você sabe por quê?
(Marcos Suzin, 30-08-2014, 18h55min)

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Talvez, talvez, talvez...

Talvez, talvez, talvez...
Talvez você não veja os frutos de seus esforços.
Talvez tenha a impressão que tudo foi em vão...
Talvez alguém diga:
"- Valeu a pena tanto esforço para não ser compreendido nem reconhecido?"
Talvez você se sinta sozinho no mundo...
Talvez as sementes que você lançou aparentemente tenham se perdido sem que se percebessem os resultados do desvelo...
Talvez tudo pareça - irremediavelmente - perdido...
Talvez, talvez, talvez....
Se você der atenção ao "talvez", talvez deixe de ser quem você é...
E talvez deixe de semear as boas obras que Ele lhe inspira fazer...
E talvez deixe de chegar ao lugar que lhe foi reservado...
Talvez, talvez, talvez...
Lembre que você muitas vezes colheu um fruto que não plantou,
Um fruto providencial que veio bem a calhar num momento crítico.
Um fruto que [foi] plantado por alguém que você talvez nunca conheça,
Mas que não ficou dando ouvidos ao "talvez"
e continuou semeando sem saber quem iria colher...
(Marcos Suzin, 05-06-2014)

domingo, 16 de março de 2014

Viagem para dentro de si...

Eu prometo,
Um dia estará diante de Mim, apenas Eu e você.
E onde Eu estiver aí também você estará.
Nesse lugar, ninguém o agredirá, nem resistirá.
Ninguém se queixará de você,
Pois estaremos nós, somente nós.

Eu o acolherei como alguém que me é caro,
Alguém que mora no meu Coração.
Nunca mais se levantará hostilidade alguma contra meu rebento.
E aqueles que o odeiam nada poderão fazer-lhe.

Na morada que preparei, fará sempre sua vontade,
Pois ela estará absorvida pela Minha!
Nunca ouvirá "não", e não será saturado de críticas.
Murmuração alguma chegará ao seus ouvidos.
E cobrirei você com a glória que é Minha.

Entretanto, por ora, é mister que um manto de escárnio o cubra.
Que seja saturado de incompreensões até não mais suportar.
É necessário que tenha a Minha semelhança e a Minha aparência,
Para que todos vejam Minha presença em você.

Necessário, ainda, é que se volte para dentro de si, e que Me encontre.
Pois estou mais perto do que você possa imaginar.
As distrações exteriores causam-lhe a tristeza que sente,
Mas a viagem para dentro de si,
para o seu interior,
fará com que Me encontre assim como Eu sou,
E como eu quero que você seja.

(Marcos Suzin, 16-03-2014, 11 horas)

terça-feira, 11 de março de 2014

Faça o amor valer a pena...

Não sei o que seria de mim sem as lutas, 
Sem as batalhas do dia a dia,
Sem as contrariedades, adversidades...
Se não houvesse a teimosia de alguém.

Ah! Tem de ter alguém, 
Para ser o mal nosso de cada dia,
Aquele espírito irrequieto,
Que nos esbofeteia com suas objeções.

Cada dia tem seu fardo, e seu dardo...
E um chato de galochas e castanholas,
Para ficar azucrinando até mais não poder,
Sempre testando os limites capengas da nossa santa paciência.
E haja paciência!...

Mas são justamente os teimosos que fazem o amor valer a pena.
Nem queira amar alguém que é chocolate e doçura.
Tem que ser meio oito e meio oitenta,
Chocolate com pimenta, senão ninguém aguenta.

Não sei o que seria de mim sem os fardos,
Meio doces, meio amargos, fardos, sempre fardos.
Como eu seria um vencedor?
Por isso cada dia tem a sua cruz e a sua luz,
E é preciso ter o brio que se espera das almas heroicas,
Pois amar os doces, até os insetos [amam];
Mas a rudeza só pode ser amada por uma grande virtude.

Marcos Suzin. (10.03.2014, 20H56min).