domingo, 19 de julho de 2009

Irmão Sol, Irmã Lua

Durante pouco tempo, nosso céu foi o mesmo céu;
Dividimos estrelas e cantamos as mesmas canções.
Entretanto, esse bom tempo passou tão depressa como o cometa;
Estrela radiante que enfeitou as noites de nossa meteórica paixão.

É, irmã Lua, nossos caminhos se distanciaram para nunca mais se cruzarem, lamentavelmente;
Porque tinhas de deixar de ser?
Eu jamais quis isso. Nunca quis que deixasses de ser!
Nem sabe como me dói saber que a Lua que embalava meus sonhos hoje figura como uma página do meu passado, hermeticamente virada, a contragosto.
Eu quis isso? Nunca!
Entretanto, apesar dos descompassos, jamais houve mágoa em meu coração;
O Sol nasceu para brilhar, e eu brilho, sou luz.
O Sol nasceu para vencer, e eu sempre venço....
O Sol nasceu para nascer e morrer, e eu nasço e morro todos os dias;
Renovo-me.
Nunca quis que deixasses de ser, minha Lua querida (que seria do meu céu sem ti? Noites escuras!)
Nunca te destronei do meu coração, muito embora haja outras estrelas em teu lugar.
A brasa a que te referes nunca se extinguiu, nem poderia...
Lembro fotograficamente nosso eclipse, amor inocente que não se apaga mais.
Lembro da inveja de outras estrelas, que não mediram esforços para te ofuscar, e conseguiram, lamentavelmente, pagando o preço da própria maldade.
Lembro de tudo detalhadamente, como se tivesse acontecido ontem, agora, há pouco (lembro tudo com muito carinho);
Nunca me esqueci de tuas feições;
O Sol é verdade...

Nunca quis que deixasses de ser!
A Lua nunca pode deixar de ser.
Quero, em verdade, que sejas feliz (ainda que longe de mim, sol escaldante);
Quero que voltes a brilhar intensamente, amada amiga, amor perdido, amor passado;
Quero que encontres o amor e a felicidade noutros braços, por mais que me doa;
Que outro desfrute do amplexo terno, suave e envolvente de todas as tuas fases;
Fase do sorriso, meiguice que encanta;
Da zanga, quando explodes;
Da escuridão, quando (volúvel) desapareces, mostrando o lado oculto, que magoa;
Da nova fase, a da esperança (de me ter de volta? Que presunção a minha! Que ingenuidade! Nem mais lembras quem eu sou e o que deixei de ser...);
Não posso deixar de ser o que sou;
Eu não seria o Sol e tu não serias a Lua...
Sê feliz, é tudo o que te desejo, do mais profundo do meu coração (e das minhas mais sinceras lágrimas);
E nunca deixes de ser! eu não suportaria.
Prefiro que tu sejas uma página do meu passado (que insiste em entreabrir-se, voltar à tona) do que nunca tivesses sido, ou deixasses de ser...

Marcos Suzin

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