terça-feira, 18 de agosto de 2009

O que Eu Fiz para Mim?

Queria poder encontrar-te;
Dizer que minha vida é um vazio desde que partiste;
Confessar que fui rancoroso ao negar-te retorno.
Por mais que me tenha iludido todo este tempo;
O certo é que nunca - mas nunca mesmo - te esqueci.

Virei a página da vida apressadamente;
Enjambrei-a! Na desesperada esperança de encerrar um capítulo sofrido;
Varri minha sujeira emocional para debaixo do tapete;
Na ânsia incontida de superar a decepção que teu adeus representa.
Não pude te perdoar, na verdade não quis; não te perdôo, ainda;
Paguei teu desprezo com a minha indiferença;
Fiquei com o troco da desilusão, com o malogro da esperança.
Toda tristeza do mundo caiu sobre mim, como um imenso fardo.
Hoje busco teus olhos em outros olhares e teu amplexo noutros braços;
Reviro meu baú de memórias; nefasta nostalgia;
Na busca interminável da jovial lembrança de tuas feições.

Como disse, queria poder encontrar-te;
Resolver nosso passado cinzento, obscuro pela névoa da inconsiderada decisão.
Sei que o passado passou, e que o nada voltará a ser o que nunca foi.
Porém, tenho em mim secreta esperança de te reencontrar;
Muito embora saiba que teu olhar é uma seta peçonha;
Que fustiga o coração de quem te ama, ou te amou;
Em cruel forma de se demonstrar o (des) afeto;
Amor que de amor tem quase nada;
Pois açoitas a quem és aprazível
E desprezas o coração que alhures conquistaste;
Encerrando-o num calabouço de lembranças;
Cada vez mais um repertório de suplícios;
De quem anseia intensamente a libertação.

Cada dia que passa teus grilhões me fatigam mais e mais;
Por isso, eu te busco dia-a-dia; numa rotina lúgubre de gemidos.
Quero te olhar frente a frente, olhos nos olhos;
Dizer-te que me arrependo de ter te aprisionado com meu rancor;
De ter te encarcerado com minhas mágoas e meu ressentimento.
Pois eu mesmo me fiz prisioneiro da minha pequenez, da minha insignificância;
E te fiz motivo para minhas mazelas, uma expiação para os malogros das minhas paixões.
Eu mesmo me fiz vindita, voltando-te as costas e desviando o olhar.
Hoje quero me fazer perdão (o perdão que sempre te neguei);
Para libertar-te e fazer-me livre também.
Queria tanto poder encontrar-te e dizer-te apenas:
- Vive a vida, pois te concedo o meu (im) prescindível perdão!
Que é para ti um nada, mas para mim a resoluta ruptura de um amor subjacente;
Que secretamente me fez cativo todos esses anos;
Sem que eu mesmo compreendesse o que fiz para mim;
O que eu fiz para mim! O que eu fiz para mim?

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