terça-feira, 12 de março de 2013

O que eu sou, afinal?


Se sou bom, o mundo não é [lugar] para mim.
Mas, se estou no mundo, o que sou?
Se sou mau, eu sou do mundo e o mundo tem senhorio sobre mim.
Entretanto, o mundo me odeia,
Como, de fato, odeia a todos os nossos análogos,
Porque odiou o próprio Criador – Nosso Senhor - primeiro.

Mas o que sou, afinal?
Não faço o bem que quero.
Tantas vezes faço o mal que não quero.
Por um e por outro sou julgado.
Num processo injusto, sem qualquer direito a apelação.

Quem aceitaria o meu fardo?
Há quem inveje as aparências,
Mas quase não existem pessoas capazes de assumir a cruz alheia.
Porém, para julgar os outros, para pôr rótulos,
Para sentenciar sem qualquer conhecimento ou compreensão,
Ah! Estes existem em profusão.

Tantos são os julgamentos que nem mesmo eu confio mais em mim.
Não sei mais se há verdade ou mentira,
Se sou bom ou mau.
A única certeza que tenho é da própria miséria,
De quem de nada pode se orgulhar,
Pois bem sabe que – mesmo em vida – já tem a podridão dentro de si.

E eu me volto – como de outras vezes - às profundezas da alma.
E num lúgubre gemido pergunto.
Quando isso tudo terá fim?
Em resposta, eu ouço:
“_ Quando eu pôr teus inimigos como o estrado de teus pés!”