sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Chama do Teu Amor em Mim.

Refiz todos os meus passos;
Repassei todo o meu caminho.
E, por mais que me esforçasse,
Não houve quem apagasse,
A chama do teu amor em mim.

Relembrei todas as minhas lágrimas;
Chorei-as – todas - novamente;
E ainda que em ojeriza eu - te - lembrasse;
Pouco a pouco renasce;
Ávida e forte tua lembrança em mim.

Por mais que eu lute contra esta paixão;
E busque consolo no Amor Maior;
Explode eruptiva a tua lembrança;
Ousada e cheia de esperança;
De reencontrar aquilo tudo que desprezou.

Que queres? Já perguntei tantas vezes;
Não ouvindo nada, a não ser o desprezo;
Mágoa candente que provoca ruína;
Lamentos constantes pela triste sina;
Que me acometeram ao teus adeus.

Tua lembrança é como as ondas do mar;
Vem e vai, num ritmo lúgubre, que percute lágrimas.
Uma enfadonha e pertinaz orquestra,
Onde tudo o que me resta.
É o desejo contido de tentar te esquecer.

Mas aí recomeça tudo outra vez;
Tudo traz à tona tua lembrança.
A doce jovialidade que tinhas;
E – por certo – não tens mais.
E eu me pergunto quando tudo isso terá fim.
Quando, de fato, estará extinta;
A chama do teu amor em mim?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nunca te Tive. Sempre me Tiveste

Eu vi teus olhos desfocados, entristecidos;
Miravam o vazio, o nada.
Não havia como não perceber.
Tudo estava por terminar, como, de fato, terminou.

Falavas em sinceridade;
Porém ocultavas pechas imperdoáveis.
Depois ficou confusa, obtusa e triste.
Entre escolhas, fez a pior possível.

Depois, veio teu arrependimento;
Serôdio e tímido, afônico.
Gritavas, mas de ti não ouvi som algum.
Choravas, mas não me endereçaste uma lágrima sequer.

Tempos se passaram.
Pensei que havias esquecido.
Entristecido, e cordato, teci minha própria história.
Trancafeando tua insone lembrança,
Com uma cancela débil.

O silêncio e o torpor tomaram conta de ti;
Por onde andaste? Nem posso imaginar.
Achei que havias sumido, desaparecido...
Porém retornaste ávida e cheia de astúcia.

Quem pôde envenenar-te? transformar-te?!.
Aquela doce meiguice,
Mais parece agora a imagem do que nunca foste;
E que eu criei,
No repositório de ilusões do meu coração.

Novamente te puseste em fuga.
Desapareceste por muito tempo.
Eu, porém, sob o vício da curiosidade;
Quis ver-te.
Encontrei-te.

Agora vingativa e rancorosa;
Lançaste sobre mim trevas e mais trevas.
Atacaste minha cidadela, com impiedosa insistência.
Quem dera acorde tua consciência, este poema que agora lês.

Nossos caminhos não são mais nossos caminhos;
Mas te quero comigo na Luz; a Luz do Mundo!
Meu sonho agora é despertar-te deste pesadelo;
Deste feitiço maleva, que cegou-te quase irremediavelmente.

Não pretendo desistir, pois és parte de mim.
E espero, enfim, ver-te feliz;
Para que possas enfim dizer:
Nunca te tive, porém sempre me tiveste

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tu és assim...

Tu és assim, tudo o que não deu certo em mim;
A batida lúgubre que percute lágrimas;
A lembrança forte que não me deixa esquecer.
O mau presságio que me fez calar;
Gosto amargo de não poder amar;
Irresignação, de quem já não pode perdoar.

És o sabor salobro,
Irremediável malogro, das minhas decepções.
Doces ilusões – que tinha – quando ainda (te) buscava.
Ingenuamente sonhava, em ter-te sempre ao meu lado.
Desconsolado, verti lágrima na volta;
Amarga escolta, que tive ao teu insensível adeus.

Tu és o ícone da minha triste sina;
Doce e bela menina;
Outrora meiga e doce ternura;
Saudade intensa que tortura;
Inconcebível loucura;
Volúpia que não quer calar.

Pecha oculta da minha maior vitória;
És a história que não quero terminar;
O (mau) agouro que me fez sonhar;
Vatícinio que me fez cantar;
Tristeza secreta  que me fez sozinho;
Pois o teu carinho eu não tenho mais.

Tu és assim, tudo para mim, mesmo após o fim;
Lembrança oculta que escraviza, encoleriza;
Que amarra, oprime e faz sofrer.
Não quero mais, perder a paz, não me compraz;
Lembrar-te agora, minh’alma chora,
Por não mais te ter aqui.

O que é que eu faço, se o teu abraço, eu não mais posso ter?
Como viver, assim, sem esperança?
Se é na lembrança que se eterniza a tua presença.
Indiferença, que magoa tanto, e explode o pranto,
Por vezes contido, por vezes tolhido;
Inexprimível gemido,
De uma ferida candente;
De amor latente que eu não quero curar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cárecere do Coração.

Silenciosa e discreta vem tua lembrança;
Como a noite que envolve tudo com sua escuridão;
Por mais que eu lute, vence-me sempre a saudade;
O gosto doce que ainda tenho do teu último beijo;
Ósculo incomparável, marca indelével.

Assim como a névoa tácita enreda e embaça os horizontes;
Assim tua lembrança me invade, me perturba, me aprisiona.
Quem poderia me libertar que tais recordações?
Se nem mesmo eu quero me ver livre desta saudade;
Desta cadeia que traz teu nome em todos os lugares, em todas as manhãs.

Entorpecido com o perfume inebriante de um florido jardim;
Meu coração se vê num claustro aprazível ao relembrar os grilhões de teu amplexo;
Uma ilusão medonha ou uma lembrança graciosa?
Pergunto-me eu a todo instante;
Sem saber qual resposta me resta, e qual quero ouvir.

Quem traz tua lembrança, assim, com a brisa do planalto?
Quem é o mensageiro de tão vistosa recordação?
Perguntas sem resposta;
Respostas que não respondem.
Dúvidas que permeiam, e magoam o coração.

Porque eu sinto em mim o apelo desesperado de me ensurdecer ante este teu retorno?
Regresso inusitado e inoportuno depois de tanto tempo.
Coração prudente mantém distância segura;
Pois o encanto que de ti ficou ainda me fascina, me seduz;
Cegueira funesta que dá calafrios.

Como posso me libertar da nostalgia que me invade?
Da saudade mórbida que me assalta a todo momento?
Negar-te já não posso mais; calar-te eu nem mesmo quero;
Diz, apenas, porque aprisionas meu coração?
Neste ditoso cárcere que atiça em mim o sabor pernicioso da paixão.

Calabouço de Ilusões...

Ouço o incessante apelo de teu espírito atribulado;
Inconformado, pergunto: - o que queres?
Nada respondes, apenas escondes, tuas reais intenções.
Nossos corações, quem dera, numa mais se libertaram;
Outrora quase se encontraram, em sonhos que eu nunca sonhei.

Já te exorcizei tantas vezes, já neguei outras tantas;
Porém ainda me encantas, com a doçura e um raro afeto;
O meu pranto - nem mais consigo chorar;
O teu encanto – como posso esquecer?
A tua meiguice – como posso, ainda, rejeitar?

A razão é cauta e vigilante;
Alerta-me a todos instante, que a tua presença é uma seta inflamada;
Que fustiga o mais profundo do ser;
Quem dera não estremecer, mas cintilo só de ouvir teu nome.
Ah! o teu nome! Diz tão pouco do que tu és;
Doce revés, de quem não se conforma;
Com a indigna forma, com que me despojaste.
Infeliz contraste, com o arrependimento que te castiga;
E te fez inimiga, de quem tanto te amou.

Porque te serves das trevas?
Das sanhas malevas que provocam ruína.
Minha triste sina, também é o teu destino;
Meu desatino, também o é tua inconstância;
A ressonância;
De tudo o que era para ser (nosso) e nunca foi.

Não quero ver-te na escuridão.
Meu coração não suportaria.
Pois perderia - de vez - toda a esperança.
Amor criança,
Que envelhece sem arrefecer.
Sem nunca esquecer;
A doce clausura do teu abraço;
O suave grilhão de teu afago;
Inebriante lago,
De aconchego,
E de carícias que eu não tenho mais.

Volte para a luz! À Luz do Mundo!
Antes que seja tarde, amor que arde, precisa ser contido.
Para não se ver perdido, em cegueira irremediável.
Saudade interminável, que fustiga mais e mais.
Não esperes até anoitecer – ou “deixar de ser”.
Liberte-se o quanto antes;
Pois vão distantes aqueles que te cegaram;
E te arrastaram a um calabouço de ilusões.
Recordações do que vivemos,
E do que viveremos,
Em intermináveis devaneios,
Como se o poder depreciativo do tempo,
Não nos fosse molesto, não nos fizesse mal.