terça-feira, 8 de março de 2016

Não posso buscar-te


Não posso buscar-te;
Não sei onde estás...
E... Além disso...,
A única lembrança que me invade,
É a dura face do desprezo,
A capacidade ímpar de dizer “Não!”,
De virar as costas, de “dar em ombros”.
É tudo o que lembro de ti...

Havia até uma tal “meiguice”,
Lá no tempo da meninice.
Diziam que tu tinhas...,
Que tu eras assim...
Doce como sabão de coco ou como a manteiga de cacau.
Quem te provou que o diga!...

Não posso buscar-te,
Pois ao lembrar-te, vem-me à mente a indiferença,
O azedume com ares de doçura,
A incúria, o maldizer...,
A pústula e o pusilânime,
O jeito impensado de demonstrar,
A insipiente e inconsequente,
E até irresponsável...
“Sinceridade!...”

Não posso buscar-te,
Pois nem sei como se chega a esse longínquo onde te meteste.
Não sei se à direita ou à esquerda,
Se vai ou se não vai além do paraíso dos fitólogos.
Se é lodo ou poeira, ou ambos...
Mas, por certo, encontraste o que procuraste...
Nas vis estradas dos espectros embusteiros,
Que até agora insistes em consultar,
Imprevidente e irrefletida,
Sequer se apercebendo que deles só recebes a impureza e a solidão!

E já me aborreço pouco em lutar contra esses – espectros - que me atiças!...
Dou-lhos uma boa “tunda de laço”!
E “corro” com eles...
Mas não demora... Nadinha...
E lá vêm eles novamente, sussurrando teu nome,
Monotônico, dissílabo, nada a ver contigo!
E eu me armo novamente,
Com paciência, água, óleo e o Saltério,
Porque não posso buscar-te...
- Nem que o queira -
Não posso buscar-te,
- Sequer em devaneios -
Não posso buscar-te....
- Mesmo que te busque todos os dias! -.


(Marcos Suzin, 08-03-2016, 12 horas)