Tê-la de volta é o que eu mais queria;
Inexplicável nostalgia que me invade a todo momento.
Sua lembrança, como o orvalho da manhã, vem e envolve todo o meu ser;
Sem ao menos perceber, o quanto é molesta e inoportuna.
Sonhei-a em todos os meus sonhos;
Fiz-me enfadonho, amargo e entristecido;
Desapontado e emudecido, tratei de esquecê-la;
A vida? Resolvi vivê-la. Rompi, enfim, a apatia.
Longos anos sem que houvesse notícias suas;
Pelas ruas, andava eu sem qualquer receio ou turbação;
Meu coração, convalescido, pulsava feliz ao sopro da liberdade;
Felicidade, quem diria, encontrei-a onde menos procurava.
O destino, porém, mostrou-se ávido em travessuras;
Acometido por diabruras, fui assaltado pela sua lembrança;
Ousada e cheia de esperança, assim mesmo saiu-me à procura;
Inexplicável desventura, armou-se contra mim peçonha e sedutora.
Conhecedora de minhas pechas inumeráveis;
Usou palavras hábeis, para ilaquear meu coração;
Resquícios de antiga paixão, que se fazem mar em fúria;
Fustiga e açoita a lamúria, de tudo que era, mas nunca será.
Por falta de coragem, busca-me enfeitiçar;
Para minha alma aprisionar, aos caprichos que a fizeram só;
E que reduziram ao pó, o imenso amor que nutria por sua pessoa;
Antiga paixão que ressoa, renitente após todos esses anos.
Tê-la de volta é o que eu mais queria;
Pois de melancolia, minha vida se satura;
E me desnatura o impulso ávido em amá-la outra vez;
Indisfarçável mesquinhez que não me deixa perdoar.
Tê-la de volta é o que mais queria;
E, quem sabe um dia, esquecer as mágoas do passado;
E, ao seu lado, viver como se nada houvesse sucedido;
Amor perdido que faz amor vivido.
Socorre-me, porém, o caráter, a sabedoria e a razão;
Insones guardas do coração, que me alertam a todo momento;
Antevisão do sofrimento, que junto a ti me aguardava;
Do infortúnio que me esperava, como o leão que ruge, pronto a devorar.
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