sábado, 6 de maio de 2017

Sem que alguém as pudesse merecer...

Eu tinha um lugar reservado,
Mas quis trocar para manter as lágrimas ocultas,
Para que tombassem abundantes à face,
E assim tivesse algum alívio.

A decepção não vem com hora marcada,
nem manda avisos ou se dá a conhecer.
Mas apunhala pelas costas,
Como o "filho da perdição"..., 
como o ladrão finório, o ladrão que não ladra.

Depois quis remoer e remexer as feridas,
Entorpecer-se,
Dormir mais cedo,
Foi inevitável passar a semana toda com pontadas no peito.

E eu lutei, quis retomar a perda que era (in...)evitável,
Pisei o amor próprio e o orgulho,
nem mais os sabia o que era...
Eu me ceguei à realidade,
E tentei o impossível para não ver o notório.
Mas não levou o tempo de duas semanas;
E a verdade nua e crua se fez ostensiva;
E eu vi o quão em vão foram as minhas lágrimas,
Sem que alguém as pudesse merecer,
Ainda que por um momento vil...;
E o quão enganosas são as aparências,
E as reminiscências recorrentes,
Quando se está entregue às ilusões,
E à cegueira contumaz das paixões pueris.
(Marcos Suzin, 06-05-2017)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Quero minhas lágrimas de volta...

Tinha de ter um "recall"...
Um "PROCON" pra gente reclamar,
E pedir de volta as lágrimas,
Quando chorou por quem não valia a pena.


Tinha de ter um bispo daqueles de antigamente,
Pra gente se queixar até mais não poder...,
Um formulário para preencher...,
Às escondidas pra ninguém ver.


E uma bolsa grande de viagem,
Pra gente guardar as bobagens que disse,
Tentando agradar quem destilava indiferença,
E pouco se importava com o significado de tudo.


Quero minhas lágrimas de volta,
Não para chorá-las novamente...
Quero minhas lágrimas de volta,
Apenas para não se sentir um estulto...


E eu prometo...
Cuidar delas com maior cuidado,
Para nunca mais tombarem à face,
À vista de quem não as puder merecer.
(Marcos Suzin, 04-05-2017).