quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Amor de Primavera...


Amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
e definha...
como a tenra haste da folhagem,
que se curva diante da menor contrariedade.

A inconstância é a sua marca;
volúvel como o vento,
como o pensamento.
Mal sabe o que quer,
e quando tem,
não sossega enquanto não perder.

E aí vagueia pelo mundo,
no afã de ouvir "novidades",
aí sente o vazio,
do amor deixado ao "Deus dará",
e revolve reaver o que "é seu",
mas que não é mais.

Aí revolta-se,
ao ver seu amado noutros ósculos,
em ditosas cadeias de amor perene.
Aí faz juras de ódio e maldizer,
e promete males injustos,
inclusive recorrendo à perfídia
de espectros sombrios.

Faz toda sorte de sortilégios,
mas a má sorte acompanha quem na sombra se oculta.
Nada tem do que quer;
aliás, sabe mesmo o que quer?
E se esvai dragada pelo tempo,
como se de passado fosse feita toda a existência.
E continua sendo - incorrigivelmente -,
um amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
não chega conhecer o outono,
nem sabe cuidar do - amor - que lhe foi confiado.

Marcos Suzin (17-12-2014)

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