quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nunca te Tive. Sempre me Tiveste

Eu vi teus olhos desfocados, entristecidos;
Miravam o vazio, o nada.
Não havia como não perceber.
Tudo estava por terminar, como, de fato, terminou.

Falavas em sinceridade;
Porém ocultavas pechas imperdoáveis.
Depois ficou confusa, obtusa e triste.
Entre escolhas, fez a pior possível.

Depois, veio teu arrependimento;
Serôdio e tímido, afônico.
Gritavas, mas de ti não ouvi som algum.
Choravas, mas não me endereçaste uma lágrima sequer.

Tempos se passaram.
Pensei que havias esquecido.
Entristecido, e cordato, teci minha própria história.
Trancafeando tua insone lembrança,
Com uma cancela débil.

O silêncio e o torpor tomaram conta de ti;
Por onde andaste? Nem posso imaginar.
Achei que havias sumido, desaparecido...
Porém retornaste ávida e cheia de astúcia.

Quem pôde envenenar-te? transformar-te?!.
Aquela doce meiguice,
Mais parece agora a imagem do que nunca foste;
E que eu criei,
No repositório de ilusões do meu coração.

Novamente te puseste em fuga.
Desapareceste por muito tempo.
Eu, porém, sob o vício da curiosidade;
Quis ver-te.
Encontrei-te.

Agora vingativa e rancorosa;
Lançaste sobre mim trevas e mais trevas.
Atacaste minha cidadela, com impiedosa insistência.
Quem dera acorde tua consciência, este poema que agora lês.

Nossos caminhos não são mais nossos caminhos;
Mas te quero comigo na Luz; a Luz do Mundo!
Meu sonho agora é despertar-te deste pesadelo;
Deste feitiço maleva, que cegou-te quase irremediavelmente.

Não pretendo desistir, pois és parte de mim.
E espero, enfim, ver-te feliz;
Para que possas enfim dizer:
Nunca te tive, porém sempre me tiveste

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