quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cárecere do Coração.

Silenciosa e discreta vem tua lembrança;
Como a noite que envolve tudo com sua escuridão;
Por mais que eu lute, vence-me sempre a saudade;
O gosto doce que ainda tenho do teu último beijo;
Ósculo incomparável, marca indelével.

Assim como a névoa tácita enreda e embaça os horizontes;
Assim tua lembrança me invade, me perturba, me aprisiona.
Quem poderia me libertar que tais recordações?
Se nem mesmo eu quero me ver livre desta saudade;
Desta cadeia que traz teu nome em todos os lugares, em todas as manhãs.

Entorpecido com o perfume inebriante de um florido jardim;
Meu coração se vê num claustro aprazível ao relembrar os grilhões de teu amplexo;
Uma ilusão medonha ou uma lembrança graciosa?
Pergunto-me eu a todo instante;
Sem saber qual resposta me resta, e qual quero ouvir.

Quem traz tua lembrança, assim, com a brisa do planalto?
Quem é o mensageiro de tão vistosa recordação?
Perguntas sem resposta;
Respostas que não respondem.
Dúvidas que permeiam, e magoam o coração.

Porque eu sinto em mim o apelo desesperado de me ensurdecer ante este teu retorno?
Regresso inusitado e inoportuno depois de tanto tempo.
Coração prudente mantém distância segura;
Pois o encanto que de ti ficou ainda me fascina, me seduz;
Cegueira funesta que dá calafrios.

Como posso me libertar da nostalgia que me invade?
Da saudade mórbida que me assalta a todo momento?
Negar-te já não posso mais; calar-te eu nem mesmo quero;
Diz, apenas, porque aprisionas meu coração?
Neste ditoso cárcere que atiça em mim o sabor pernicioso da paixão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, gostou do poema? Então deixe um comentário ou crítica. Abraços, Marcos Suzin.